Domingo, 10 de novembro de 2024
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JUSTIÇA

Justiça determina paralisação de construção de pousada em terra indígena no Xingu

Responsável pelo empreendimento disse que as obras estão de acordo com a instrução normativa que estabelece normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para fins turísticos em terras indígenas.

 
A Justiça Federal determinou, nesta semana, a paralisação da construção de uma pousada nomeada como 'Lodge Xingu Experience', construída dentro da Aldeia Ipatse Kuikuro, na Terra Indígena Xingu, localizada no município de Gaúcha do Norte, a 595 km de Cuiabá. O pedido foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF).

Ao g1, o responsável pela pousada, que não quis ter a identidade divulgada, disse que não foi notificado sobre a paralisação das obras, mas houve uma primeira notificação que questionava a procedência da construção. Ele apresentou todas as documentações à MPF, e informou que as obras estão de acordo com a instrução normativa nº 03/2015, que estabelece normas e diretrizes relativas às atividades de visitação para fins turísticos em terras indígenas.

Ele afirmou que possui um relacionamento de mais de 30 anos com a população da terra indígena, que teria pedido ajuda para gerar economia e assistência na região.

"Com consciência ambiental, buscamos um formato para mostrar a importância dos povos ancestrais com as melhores intenções, promovendo o etnoturismo e a pesca esportiva. 50% da renda seria destinado à população local e 50% para fazer o negócio girar", explicou.
O empresário disse, ainda, que as obras estão paradas por causa da má qualidade das estradas para chegar nas terras indígenas. No entanto, devido a denúncia, os advogados estão trabalhando para retomar as obras dentro da legalidade. Ele informou que no próximo domingo (20), será realizada uma reunião com as lideranças do Xingu para discutir formas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) permitir a continuação das obras.

Segundo o MPF, a empresa divulgava no site e nas redes sociais, viagens com hospedagem, atividades como pesca esportiva e contato com a cultura indígena. De acordo com o documento ajuizado na semana passada, os responsáveis pelo empreendimento devem encerrar a promoção, divulgação e comercialização de pacotes turísticos para visitação da aldeia.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) informou que, em junho de 2024, monitoramentos territoriais foram realizados na aldeia, onde constataram supostas atividades irregulares da mesma empresa.

Ainda conforme o documento, a obra não tem autorização ou licença de órgãos competentes, como o Ibama e a Funai. Ao solicitarem informações sobre o licenciamento para o empreendimento, o Ibama informou que não foi localizado nenhum documento que autorizasse as obras no local. Já a Funai disse que não emitiu nenhum tipo de autorização para construções na terra indígena.
 
 
O responsável pelo empreendimento alega que as denúncias foram feitas por pessoas que lucram com os povos indígenas, sem repassar ou doar nada. Ele compartilhou a carta da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (Aikax) destinada ao procurador da República, Guilherme Fernandes Ferreira Tavares, onde assumem a responsabilidade e se declaram favoráveis à continuação das obras.
 
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